terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Carta a Imprensa Esportiva



Prezados Jornalistas,

Com pesar vemos, mais uma vez, um show de desinformação, sensacionalismo e ausência de fatos na cobertura do futebol brasileiro e, nesse caso específico, do futebol carioca.

Em primeiro lugar é preciso irmos ao ponto onde há uma concordância entre quase todos. Futebol com portões fechados ou com torcida única é sinal dos tempos em que vivemos, de intolerância, incompetência e desrespeito a regras e leis.

No entanto, um Jornalismo que se quer sério não pode ser raso, banal. E no caso da final da inútil Taça Guanabara, o Jornalismo Esportivo levou mais um tiro de escopeta dos próprios Jornalistas.

Ao reduzir a questão a mera "briga por lado do Maracanã", o Jornalismo Esportivo escondeu do público que o assiste, lê ou ouve (e que tem opinião formada por ele) o que levou, de fato, àquela situação. Tanto Sportv, quanto Espn e Fox omitiram de seu público uma questão de honestidade e de ética que é o respeito aos contratos. Apenas, de tudo o que vi, Mauro Cezar se aprofundou, investigou, buscou informações.

O fato omitido (por incompetência ou conivência) é que o contrato que o FLUMINENSE tem com o Consórcio Maracanã GARANTE ao clube que sua torcida fique no setor Sul e contratos existem para serem cumpridos, não é verdade? Outro fato "esquecido" pelo Jornalismo esportivo é que o Vasco da Gama, de maneira vil, vendeu ingressos para o setor Sul antes que houvesse algum acordo, tentando criar o fato consumado e garantir na marra que sua torcida ficasse onde não lhe é de direito desde 2013.

Na sequência de esquecimentos, o fato do Vasco da Gama seguir vendendo ingressos, mesmo com a proibição da Justiça por meio de decisão liminar. Mas memória seletiva do Jornalismo esportivo não para por aí. "Esqueceram" também que após a decisão da Desembargadora, o Presidente do Vasco convocou sua torcida a ir assim mesmo ao Estádio Mario Filho.

Depois de tanto "esquecimento", o Jornalismo esportivo, no pior estilo Datena, começou com o sensacionalismo em relação a uma foto de uma mãe com uma criança de colo correndo da violência policial  e atacou novamente o Fluminense Football Club.

Ora, em primeiro lugar, aquela jovem não deveria nem estar no Maracanã já que havia a ordem da Desembargadora de que o jogo acontecesse com portões fechados e TODOS já sabíamos disso desde a manhã de domingo. Se ela estava lá é porque alguém garantiu que ela poderia assistir ao jogo dentro do estádio e o único que o fez foi o Sr. Presidente do Vasco da Gama. Ele sim é o responsável por tudo isso já que descumpriu contrato alheio (com apoio e pré-acordos comerciais do Maracanã e da FERJ), descumpriu ordem judicial e incitou seus torcedores a ir ao estádio mesmo com a ordem de portões fechados. Só pra lembrar, tá?

Mas isso não é novidade. O Jornalismo esportivo escolheu o FLUMINENSE para Geni (personagem da música do genial tricolor Chico Buarque). Em 1996, Corinthians e Atlético-PR manipularam resultados do Campeonato Brasileiro. Em qualquer país sério do mundo, seriam rebaixados. Para não fazê-lo, a CBF não rebaixou ninguém, beneficiando, sim, o Fluminense que não teve nada a ver com a manipulação. Graças a um imbecil que estourou champagne (e merece todas as críticas por isso), o Jornalismo esportivo "esqueceu" de Corinthians e Atlético-PR e vilanizou o Tricolor.

Já em 1999, o São Paulo escalou o Sandro Hiroshi de maneira irregular contra Botafogo e Internacional. O regulamento previa a perda de pontos do time paulista sem que esses pontos fossem repassados ao adversário. Mas, rasgando o regulamento (contrato do campeonato), o STJD deu os pontos da goleada de 6x1 sobre o Botafogo para o time carioca e deu o ponto do empate contra o Inter para o time gaucho. Com isso, ambos escaparam do rebaixamento e o Gama foi rebaixado.

O clube de Brasília foi buscar os seus diretos na Justiça comum e, correndo o risco de sua seleção ficar fora da Copa de 2002, a CBF decidiu fazer um campeonato juntando todas as séries. Advinhem o que fez o Jornalismo esportivo? "Esqueceu da manobra do STJD, esqueceu do Botafogo, do Inter e do São Paulo e centrou suas metralhadoras no FLUMINENSE que nada tinha a ver com a mutreta de rasgar o regulamento do campeonato. O Tricolor vencera a Série C e disputaria normalmente a Série B de 2000.



Mas o pior ainda estava por vir. Se nos dois casos acima, houve mutreta, armação de resultados e desrespeito ao regulamento por quem deveria defendê-lo, em 2013, o FLUMINENSE foi vilanizado pelo Jornalismo esportivo quando houve, pasmem, cumprimento do regulamento do campeonato brasileiro de 2013.

Flamengo e Portuguesa foram punidos por escalar jogador irregular e culparam o FLUMINENSE por isso. Frases como "o Fluminense é incaível" ou "tem que valer o resultado de campo" foram proferidas quase aos berros por Jornalistas de todas as emissoras e poucos, muito poucos, respeitaram o fato que era: o regulamento previa a perda de 3 pontos mais os conquistados nas partidas onde o jogador irregular fosse escalado e o regulamento foi cumprido. Não houve denúncia do FLUMINENSE, não houve entrada na Justiça por parte do FLUMINENSE mas o erro de Flamengo e Portuguesa foi levianamente debitado na conta do Tricolor e até hoje escutamos pessoas falando que o "Fluminense acabou com a Portuguesa".



Então, Srs Jornalistas, o que a maioria de vocês está fazendo não é Jornalismo. Vocês estão atacando, mais uma vez, uma Instituição centenária e importante no futebol brasileiro que só defendeu os seus direitos. Em um país onde perdemos direitos diariamente (muitos perdendo até o direito de comer), vilanizar quem defende os seus e "esquecer" de quem transformou 10 crianças em carvão ou quem desobedeceu ordem judicial e expôs sua torcida a violência deliberadamente é um desserviço ao Brasil e ao esporte.

O Jornalismo é extremamente importante na sociedade mas esse Jornalismo que a maioria de vocês tem praticado, não.

Um comentário:

  1. Parbens.. espero que essa carta chegue a essas emissoras a esse jornalismo..e que alguem, leia a mesma ao vivo para que todos saibam a verdade.

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