domingo, 13 de agosto de 2017

Foi você, Pai, que me mostrou o FLUMINENSE

Sempre achei uma babaquice, uma forçação de barra escrota, essa coisa de Pai Herói, etc e tal. Coisa para bombar peças de marketing e fazer as pessoas gastarem mais em presentes do Dia dos Pais. Sou pai e longe estou de qualquer heroísmo. Meu pai não é diferente. Não tem nada de herói e nem deveria.

Entre os muitos erros e acertos (como de qualquer pessoa) do Seu Jorge, está o fato de me fazer gostar de esporte. Sempre me recordo dele ganhando troféu de tênis de mesa, vendo Fórmula 1, indo ao Maracanã. Sempre me estimulou a estudar (que saco, pai), a ter cuidado com as companhias e a assistir e praticar esporte.

Assim, minha primeira memória (apenas flashes) são de Fluminense x Bayern de Munique. Aos 4 anos, fiz minha estreia no Maracanã. O que me lembro? Apenas de ficar com sono e deitar no seu colo dele, onde hoje é a Leste Superior, bem no centro do campo. Por falar em Maracanã, foram tantos jogos, pai. De vários times porque queríamos ver jogo bom. Lembra da gente saindo correndo naquele Flamengo 1x4 Palmeiras? Teve tiro na arquibancada, saímos correndo, não vimos o jogo até o final e ainda perdi meu chinelo. Acredita que tem idiota que quer liberar arma pra geral?

Meu irmão, eu, minha sobrinha e meu pai
Vimos o troco do Flamengo no mesmo Palmeiras por 6x2, o Vasco perder pro Inter na final de 79, o Brasil perder pra URSS, o Flamengo ganhar do Boca Junior em amistoso Zico x Maradona. Curiosamente nunca vimos um jogo do Botafogo. E os jogos do FLUMINENSE, pai? Fora o que descrevi ali em cima, foram tantos. Me lembro de você me dizer que jamais me levaria em um FlaxFLU por medo de confusão. Mas vimos tantos outros. Goytacaz, São Cristóvão, América, Maranhão etc foram rivais que vimos o FLUMINENSE atropelar.

Meu pai, minha filha e eu
Em 82 vimos um jogo contra a Anapolina. O time deles tinha a sensação do campeonato, um tal de Sávio e a imprensa dava o jogo como muito difícil. Rá! Pois bem! O FLUMINENSE simplesmente meteu 6x1 neles e o Edinho, além de colocar o Sávio no bolso, fez um hattrick e ainda não deixou o Amauri bater o penal no último gol, mesmo com a torcida gritando o nome do centroavante horroroso.

Nossa última vez no Maracanã foi no ano seguinte. Último jogo da Taça Guanabara contra o América. Bastava um empate para sermos campeões do primeiro turno. Fomos ao jogo e, aos 12 anos, eu percebi pela primeira vez a dureza de uma crise econômica. Brasil vivia uma recessão e você batalhava do jeito que dava para sobreviver. A imagem que ficou foi, na fila para comprar o ingresso, você meio que acariciando a nota. Olhava pra ela e parecia dizer a ela que faria falta. Mas ainda assim, fomos, vimos e vencemos por 2x0, 2 gols do Assis. Me lembro, no segundo tempo, eu dizia "faltam tantos minutos", "faltam tantos minutos". Você ficou puto e me deu um esporro dizendo que ia acabar dando azar e o Mequinha viraria o jogo.

Aprendi com meu pai e levei minha filha ao Maraca em jogo do FLUZÃO
Ah! Seu mané! Me lembro ainda em 82, na preliminar da derrota pro Vasco por 2x1, você marretando o quarto zagueiro do nosso time. Você dizia que ele parecia um robô, que era ruim, que não daria nada no futebol. Ele era só o Ricardo, hoje técnico Ricardo Gomes. Só isso. 

E os jogos que vc era o zagueiro-zagueiro no time da empresa? Lembra do Maridão? O maluco do time adversário provocador que tu encarou em campo. Eu, com meus 14 anos e uns 50 kg, queria entrar em campo e bater no grandalhão que provocava meu pai. Depois do jogo você foi até ele e eu pensava: dá uma porrada nele, pai. Mas não, mesmo sem você ter começado a confusão, você disse: "Maridão, desculpa a confusão ali. É só um jogo, uma pelada, não tinha necessidade". Se cumprimentaram de maneira cordial e fomos embora. Puta aprendizado pra mim.

Em 78 fiquei com muita raiva de você porque você foi ver a Fórmula 1 em Jacarepaguá e não me levou. Com isso não vi o Emerson chegar em 2° com sua Copersucar, a frente do bi-campeão Niki Lauda. Fomos em 81 e vimos o Piquet escolher os pneus errados, largar na frente e chegar lá atrás. Repetimos a dose em 82 e Piquet venceu, foi ao pódio e passou mal. Saímos do autódromo comemorando e ficamos sabendo, em casa, que Piquet fora eliminado por irregularidade em sua Brabham.

O esporte sempre foi o que nos uniu, pai. Se, na vida, só vivemos juntos por 9 anos dos meus 46, há 46 anos estamos unidos pelo amor ao FLUMINENSE. O FLUMINENSE que você me apresentou, que me ensinou o quanto é grande e que hoje é como um filho pra mim. Muito obrigado por isso, paizão. Te amo.

Feliz Dia dos Pais!

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