sábado, 22 de julho de 2017

Qual o maior time do Brasil?

Muito se discute, entre os torcedores, sobre qual o maior time do Brasil. É um tal de "o meu tem Libertadores", "o meu tem estádio", "o meu tem mundial", " Mundial sem Libertadores não vale", etc. O importante para o torcedor menos esclarecido é superestimar as conquistas de seu time e diminuir as do adversário.



O fato é que essa competição de quem tem o pênis maior (coisa de pré-adolescente) tem muito pouca importância diante do cenário do futebol nacional. O fato é que os clubes brasileiros e eu na lista da Forbes somos a mesma coisa. Ou seja, NADA. Ficamos aqui a disputar um poder como quem disputa o poder do condomínio de um prédio de 3 andares. 

E isso acontece por diversos fatores. A questão econômica do Brasil, sobretudo a partir de 2016 é um fator. Mas, apesar disso, o principal fator está na gestão. Gestão dos clubes e do futebol brasileiro. Enquanto tivermos torcedores travestidos de dirigentes, não teremos avanços significativos de nossos clubes e seguiremos a ser apenas produtores de talentos para exportação. Enquanto os clubes não criarem uma Liga Nacional sem a nefasta participação da CBF, com calendário de agosto a maio, com os estaduais sendo só disputados apenas pelos pequenos e compondo a Série D do Brasileirão e com gestão profissional, sem politicagem e com divisão de cotas justa, não teremos sequer o direito a ter esperança de mudança nesse quadro.

E por que isso é importante? Primeiro porque o calendário do jeito que está causa prejuízo financeiro e técnico aos clubes. Segundo que quando abre a janela de transferências, os clubes, no meio do brasileiro, têm perdas irreparáveis que manipulam o resultado do certame. Terceiro que esse calendário imbecil impede que os clubes brasileiros participem de torneios de verão europeu com os maiores clubes do planeta, não tendo o intercâmbio e não recebendo as cotas generosas de participação. Só quem lucra com o atual modelo são as inúteis Federações e a Rede Globo.


O que os torcedores não se atentam é que, por exemplo, o time de maior torcida do Brasil, o Flamengo, tem menos gente que a parcela que não torce pra ninguém. Quem não tem time chega a 20% da população brasileira, enquanto o Flamengo tem 17%. Ainda assim, os torcedores rubro-negros enchem o peito para falar de maior "torcida do mundo". Essa megalomania, que não é exclusividade dos rubro-negros, é enganadora e mascara os problemas graves do futebol brasileiro. No aspecto torcida, qualquer time chinês ou indiano tem mais torcida que o Flamengo.

Mas isso também não é importante. Nesse caso, quantos desses 35 milhões de rubro-negros consomem produtos do clube? Qual a média de público? Quantos sócios? Quantos assinam o pay-per-view? Quantos compram produtos oficiais? Isso vale para qualquer clube. Mais que isso, o que fazem os clubes para conquistar esses 40 milhões que não torcem para nenhum time? O torcedor não entende, mas um estádio cheio, um clube com muitos sócios, que a torcida adquire e usa os produtos oficiais do clube em qualquer momento e não só quando o time vai bem, aumenta o valor da marca e atrai possibilidades de patrocínio melhor.

Esse texto não tem a intenção de fazer com que o torcedor deixe a "pré-adolescência" no debate sobre os clubes. Até porque essa rivalidade sadia e divertida é fundamental. Mas tem a intenção de que além disso, o torcedor entenda que os clubes brasileiros não representam absolutamente nada no cenário mundial e que, enquanto o mais importante for ser maior que outro nanico, só veremos craques como Neymar, Coutinho, Marcelo, etc pela TV nos campeonatos europeus. 

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