segunda-feira, 17 de abril de 2017

O que Rodrigo Caio fez de errado?

Toda segunda feira, nas resenhas esportivas, deveriam ser debatidos os resultados dos jogos do fim de semana e as suas nuances. Deveríamos assistir debates sobre as alternativas táticas, atuações, justiça (se é que ela existe no futebol), etc. Pois é. Deveríamos. Mas o que acontece é, rodada após rodada, termos debates sobre arbitragens, briga de bandidos infiltrados (ou até mesmo dirigentes) em torcidas organizadas, etc.

Foto: ESPN
Mas o que se viu nessa segunda-feira, 17 de abril de 2017, é o mais puro retrato do que é o Brasil de hoje: um país de desonestos. O principal debate foi a atitude do bom zagueiro do São Paulo, Rodrigo Caio. 

Quem não viu o lance, explico. Em um lance na área do São Paulo, o goleiro Dênis foi atingido. O árbitro deu cartão amarelo a Jô pela falta e Rodrigo Caio foi até o árbitro dizendo que o pé dele tocara o goleiro de seu time. O árbitro, então, anulou o cartão anteriormente dado ao atacante corinthiano. Nas entrevistas após o jogo (vencido pelo Corinthians por 2x0) o técnico são-paulino, Rogério Ceni, ironizou o fair play e, hoje, em coletiva o zagueiro Maicon disse uma frase para entrar para a história do futebol (de maneira negativa, claro): "Prefiro ver a mãe do meu adversário chorar do que a minha".

E não é que a imprensa esportiva resolveu discutir a atitude HONESTA do Rodrigo? E não é que sua atitude foi rotulada de Infantil, ingênua, inútil, etc? E não é que o perfil de uma emissora de TV no Twitter perguntou se Rodrigo Caio era Herói ou Vilão? Tudo isso aconteceu em diversas emissoras. Por sorte, e para manter a esperança na humanidade, também houve quem tenha aplaudido (ainda que a honestidade devesse ser natural) e que defenda que outros jogadores, técnicos e dirigentes possam começar a ter o mesmo tipo de atitude.

No país de desonestos que é o Brasil, a imprensa esportiva deu sua contribuição nefasta. Fosse o Brasil um país honesto, a atitude do Rodrigo Caio seria mostrada nas escolinhas de futebol de todos os clubes como exemplo a ser seguido. Mas, ao questioná-la, ironizá-la e defender que futebol é outra coisa diferente da sociedade, vários cronistas esportivos ajudaram a reproduzir os maus exemplos que vemos todos os dias.

Devem estar acostumados a desonestidade diária do futebol. O Rodrigo Caio não. Eu também não.

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