sábado, 23 de outubro de 2010

13 jogos do Fluzão - Fluminense 3x2 Flamengo - 1995

"O primeiro foi 0x0. O segundo 3x1. O terceiro, 4x3. E essa porra virou freguês" Amanheci naquele 25 de junho de 1995 com essa música na cabeça. Era domingo, dia de fla-FLU decisivo no ano do centenário do Flamengo que tinha Romário e companhia. Certamente o jogo seria difícil mas o retrospecto no campeonato não me deixava dúvidas: seríamos campeões e quebraríamos o jejum incômodo de quase 10 anos.

Bem cedinho  rumei para a Rodoviária de Campos, onde morava, para viajar para o Maracanã. O ingresso estava na mão de um grande e saudoso amigo e não tinha erro. Estaríamos a direita das cabines de rádio e TV para gritar é campeão.

Ao descer na Novo Rio já percebia que a torcida do Flamengo seria bem maior que a nossa. Eles jogavam pelo empate e sua torcida estava empolgada mas nos respeitando muito. Afinal, Renato Gaúcho já os tinha detonado duas vezes no campeonato.

Rumei pra Tijuca pra casa desse amigo, o Antônio. Lá almoçamos com sua família e partimos para o Maraca. Ao entrar, a confirmação: eles eram muito maiores que a gente. Eu diria que dos 120 mil pagantes 80 mil eram rubro-negros. Problema? Claro que não. Era mais gente pra chorar de tristeza.

O primeiro tempo foi perfeito. Debaixo de uma chuva violenta. o Fluminense fez dois gols (Renato e Leonardo) e dava a entender que venceria até com certa facilidade. O Flamengo não nos impusera nenhum perigo, mesmo com Romário, então melhor jogador do mundo.

O segundo tempo começou do mesmo jeito. Um chute forte do Djair saiu a esquerda do goleiro Roger, levando perigo ao Flamengo. A torcida tinha a certeza do título e cantava a plenos pulmões enquanto que a torcida do Flamengo estava muda.

Até que uma bomba de Branco explodiu no travessão de Wellerson. A torcida do Flamengo acordou e acordou o time também. O Flamengo veio pra cima e não tardou a diminuir. Num lance típico do Flamengo onde a bola bate, rebate e sobra para algum rubro-negro. A bola sobrou para Romário que, de canhota, marcou o primeiro gol dele no Fluminense em jogos oficiais. Ao tentar retardar a saída de jogo, confusão. Empurra-empurra e duas expulsões, uma de cada lado. Sorley e Marquinhos levaram cartão vermelho.

Com o gol, o Flamengo partiu pra cima de vez e o Fluminense se encolheu ainda mais. E num lance de quem menos se esperava surgiu o segundo gol do Flamengo. Fabinho, volante pancada, cortou para o pé esquerdo, deixando 3 tricolores no chão, e bateu no canto direito de Wellerson.

Explosão da maioria no Maracnã. Desespero da torcida tricolor. Não era possível. Na hora do vamos ver vamos morrer na praia de novo como ocorrera nos 2 anos anteriores??? Tudo piorou quando Lira foi expulso ao dar uma entrada criminosa no Fabinho. Naquele momento muitos tricolores começaram a se retirar.

Mas nada nunca é fácil para o Fluminense. Com 9 em campo, Joel colocou Ézio em campo e tentou colocar o Fluminense pra frente. Mesmo com a possibilidade de contra-ataque mortal de Sávio e Romário. E foi justamente a displicência do baixinho que deu início a jogada histórica para os tricolores. Branco deu um chutão da área rubro-negra, o baixinho não foi e a pelota sobrou livre para Cadu. Este rolou para Djair que abriu para Ronald. Ronald enfiou para Ailton. O resto todos vocês sabem.

Naquele momento, aos 41 minutos do segundo tempo, os tricolores que ainda acreditavam se levantaram e grtaram chuta! Mas Ailton cortou. Gritamos de novo: CHUTA!!! E Ailton cortou de novo. No terceiro grito, ele chutou. E a bola entrou! Delírio total. Tricolores voltavam às arquibancadas. Gente caindo pra todos os lados como se fora uma guerra, como bem definiu Toni Platão. Pessoas caidas, abraçadas, chorando! A emoção era tanta que não percebemos que Renato tinha enfiado a barriga na bola. Sim, o gol era do Renato, o ídolo que o Fluminense recolocou na mídia. O desacreditado nos dava o título de 1995.



O grito agora era para o juizão Leo Feldman acabasse com o jogo. O final era dramático como Flamengo tentando tudo e o Fluminense se defendendo como nunca. Ficou ainda mais dramático quando Lima deu uma sarradada no Sávio e foi expulso. Estávamos com 8 em campo e o Flamengo com 10 e com gás novo com a entrada do garoto Rodrigo que, depois, passaria a ser chamado de Rodrigo Mendes. Esse mesmo Rodrigo teve a última chance do jogo, chutando pra fora.

A ansiedade era total. Unhas não mais existiam, lágrimas corriam pela face de dezenas de tricolores nas arquibancadas, geral, cadeiras, especiais, nos lares e no céu. Na cobrança do tiro de meta, Leo Feldman titubeou mas encerrou a partida para delírio tricolor. O Jejum havia acabado. A glória era novamente tricolor com a conquista do 28º título carioca.



A festa varou a noite. Eu diria que ela acontece até hoje, nos corações dos tricolores, vivos ou mortos. Beijo, meu saudoso amigo Antonio!

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