terça-feira, 19 de outubro de 2010

13 jogos do Fluzão - Fluminense 2x1 Bangu - 1985

Aquela quarta-feira tinha começado feliz. Na véspera eu recebera os resultados da escola e tinha sido aprovado na 8ª Série e caminhava para o Segundo Grau, hoje Ensino Médio. Além disso, 12 dias antes tinha completado 15 anos. Estava desde a manhã buscando companhia para ir ao jogo, o que não consegui. Fui sozinho mesmo. Saí de casa as 17h30min em direção ao ponto de ônibus. Peguei  o 247 e rumei para o maior do mundo com a certeza do TRI.

Lá chegando, esperei os portões serem abertos. Ainda fiquei mais um pouco perto do Belini conversando com amigos até entrar. Na subida da rampa, lá estava uma equipe da Globo sobre a mureta da rampa. Era a repórter Isabela Scalabrini que entrou ao vivo. A torcida entoava o Sorria e ela pedia pra não falarmos o Tomar no cu do final. Não adiantou, saiu ao vivo na Globo.

Lá dentro, o público era inferior ao que merecia uma final valendo o TRI porém era de uma torcida só. A do Bangu não tinha nem 5mil. A torcida estava linda, cantando sem parar. Sabíamos que não seria fácil pois o Bangu jogava pelo empate. mas tínhamos a certeza que Romerito e cia nos dariam mais aquele título.

O jogo começou e não deu nem pra esquentar, Aos 4 minutos, Marinho fez Bangu 1x0. O Maracanã ficou num silêncio ensurdecedor. Até ouvimos a torcida banguense. Perplexo, comecei a gritar Nense sozinho, no que fui acompanhado pelo pessoal da Young FLU e não paramos de cantar 1 segundo sequer a partir daí, nem no intervalo. O primeiro tempo terminou com derrota mas continuávamos com a certeza do título.

Começa o segundo tempo e só dá Fluminense. As chances vão se acumulando e sendo perdidas em sequência. Até que aos 18 minutos a bola sobra pro cracaço, ídolo eterno, Romerito. Ele domina com dificuldade e, mesmo com a chegada do zagueiro e sem muito equilíbrio, coloca no fundo das redes de Gilmar. Gol de empate! O Maracanã explodiu em 3 cores. O barulho era tão ensurdecedor que fazia eco.

12 minutos depois, Washington foi empurrado na entrada da área. Os banguenses reclamaram muito mas Wrigtht confirmou a falta. Paulinho se preparou para a cobrança. Justo ele que marcara nos 2 triangulares vitoriosos anteriores. Em 83, contra o mesmo Bangu e em 84, contra o Vasco. A torcida batia palmas ritmadas, como num ritual para que a bola entrasse. E entrou! Paulinho cobrou no canto superior direito do goleiro Gilmar que ficou paradinho, só olhando.

Era a senha do título. Era o sonho do TRI se realizando. Era a maior geração de jogadores do FLU complementando uma história sagrada para todos os tricolores. Ainda faltavam 15 minutos mas nada nos tiraria aquela glória. O FLU continuou mandando no jogo e segurando a bola inteligentemente no ataque. Paulinho infernizava a zaga do time do Castor de Andrade.

Aos 45, perdemos a bola e um jogador banguense deu um bico pra frente, Vica falhou e a bola sobrou na frente para o artilheiro Claudio Adão, livre. Vica puxou o atacante banguense que caiu de braços abertos dentro da área. Silêncio desesperador no Maracanã. Silêncio interrompido pela comemoração pois o árbitro, José Roberto Wright não marcara o penal e encerrara a partida. Muita confusão, jogadores do Bangu agredindo e sendo agredidos pelo árbitro. No lado tricolor, o maestro Deley, sentado no gramado, dizia a reportagem da Globo: "estava escrito há 6mil anos atrás que o Fluminense seria campeão hoje". E foi!

18 de dezembro de 1985. O Fluminense encerrava a página mais gloriosa de sua história até aqui.

P.S.: O gol do Paulinho foi o último narrado pelo rubro-negro Jorge Cury, então na Tupi. Para mim o maior e melhor narrador de rádio da história do Brasil. Dias depois o narrador morreria em acidente de carro, em Minas.

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