terça-feira, 5 de outubro de 2010

13 jogos do Fluzão - Fluminense 2x0 América - 1983

Acordei naquele 11 de setembro de 1983 com a sensação maravilhosa que o Fluminense seria campeão da Taça Guanabara. Jogaríamos contra o América e uma vitótia bastava para levantar o caneco, invicto. Já tínhamos jogado 10 jogos com 8 vitórias e 2 empates e eu tinha a certeza que completaríamos 20 pontos após aquele jogo e garantiríamos a vaga pra final do campeonato carioca.

Meu pai, a exemplo de 1980, prometeu me levar ao jogo. Mas eu não tinha muita certeza se aconteceria. Primeiro porque ele estava sub-empregado e depois pelo ocorrido na final do carioca de 80 em que não apareceu. Mas, estava tranquilo. Joguei a partida do campeonato do conjunto dos Correios pelo Corinthians (ECA) e vencemos por 3x1. Joguei de volante e evitei um gol em cima da linha. Saí morto de campo mas direto pra casa para tomar banho e esperar a hora do jogão.

Após o almoço, meu pai chegou e partimos para o Maracanã. Lá chegando, sempre muito cedo como ele gosta, o vi contando o dinheiro para pagar as entradas com um ar preocupado. Naquele dia me senti mal por ele gastar dinheiro comigo. A coisa não tava boa mas ele me tranquilizou e disse que não era nada.

Maracanã com 89 mil pessoas, uns 5 mil americanos. Torcida linda, em festa. Começa o jogo. Logo aos 6 minutos, Assis marca o primeiro gol. Explosão! Como Washington e Assis, recém chegados do Atlético-PR se entendiam!!! É hoje que grito campeão no Maraca, pensava.

O time do América era bom, tocava bem a bola. Mas o time do FLU era uma máquina, compacto, rápido nos contra ataques e mortal. Assim, aos 39 minutos, Assis, de novo, completou pro fundo das redes. Eu levara um saco de papel picado e àquela altura já tinha jogado tudo pra cima. Meu pai olhava minha alegria com um sorriso simples e orgulhoso de que havia me dado uma felicidade inédita. Ele e o Assis, é claro.

Naquele tempo, o placar do Maraca mostrava o tempo de jogo. E eu toda hora falava: faltam tantos minutos pro final. Parei de fazer isso com meu pai gritando dizendo que eu tava agourando: "daqui a pouco eles empatam", dizia. O FLU passou a tocar a bola e só sair na boa. O América tentava atacar mas sem sucesso. O tempo foi passando e aos 43 (não falei que não tirava  olho do relógio do placar?) começaram os gritos de É CAMPEÃO! Era o meu primeiro grito no Maracanã.

O jogo acabou, ficamos para ver a volta olímpica, gritamos campeão mais um monte de vezes e fomos pra casa. No caminho, eu via como o Rio era lindo mesmo longe da Zona Sul. Casas e apartamentos com bandeiras na janela e os bares lotados de tricolores em festa. Não tinha Corcovado, praias ou Pão de Açucar que fossem mais bonitos, naquele momento, que o subúrbio vestido das três cores que traduzem tradição.

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