quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O Fluminense já caiu ...

E a culpa também é do Presidente Abad


Quem me conhece sabe que não sou do tipo (leviano) que culpo o Presidente Pedro Abad por tudo de ruim que acontece no Fluminense. Muito pelo contrário. Ao assumir o clube, Abad e outros membros da Flusócio pagaram do próprio bolso uma consultoria com a renomada Ernst & Young para que tivessem um norte na administração do clube. A consultoria foi feita e os alarmes começaram a ser ligados.

Por mais que Abad soubesse de muita coisa por ser do Conselho Fiscal do clube, não se sabia de tudo (quem quiser saber mais estude para que serve e como funciona um Conselho Fiscal e o do Fluminense, em particular). Abad sabia que a dívida era imensa, sabia que tinha penduricalhos da gestão Peter e penduricalhos ainda da participação de Mario Bittencourt na VP de futebol. Tanto sabia que em uma das primeiras entrevistas disse que o FLU precisaria vender atletas.

Logo depois dessa entrevista começaram a surgir, tal e qual surgiram nas eleições gerais desse ano, pessoas inventando fatos (fake news) e criando frases de efeito que a manada passou a repetir como verdade absoluta. Uma delas é de que Abad adora vender jogadores. Uma mentira deslavado porque, com uma torcida que não se associa, não vai aos jogos, dá prejuízo de bilheteria de 6 milhões em um único ano e ainda acredita em fake news, não há outra coisa a fazer para manter as contas em dia. Tem que vender.

Dito isso, e esclarecendo que nem tudo é culpa do Abad e nós torcedores temos que assumir a nossa parte da culpa também, vamos a parte que o Presidente tem muita culpa: a gestão do futebol. Quando você tem uma situação financeira caótica, você sabe que não terá condições de ter um grande elenco com medalhões e sabe também que provavelmente perderá jogadores ao longo da temporada. Dito isso, você tem que ter uma gestão que compreenda esse fato e que não esteja disposta a correr o risco de dar tiros no próprio pé.

Até entendo a contratação do Abel, embora o considere um péssimo técnico. É um cara com um tamanho gigante no clube e com condições de servir de escudo para a diretoria em um momento tão terrível financeiramente. E assim foi. Mas nunca vou entender a contratação do Alexandre Torres. Qual a bagagem que o filho do Capita tem? Onde trabalhou? Quando esteve em posição gerencial em um clube em crise tão grave como a do Fluminense?

Mas, ao demitir Alexandre Torres, a diretoria não acertou. Trouxe o antiquado, ultrapassado e desatualizado Paulo Angioni, um refugo de diversos times e que, em sua história recente, não tem muito o que comemorar. O futebol mudou muito mas Angioni segue sendo o mesmo tipo de dirigente dos anos 80.

Mas os erros não pararam por aí. Quando Abel, após a partida contra o Santos no Maracanã, pediu para sair, a diretoria partiu atrás de um novo nome. Zé Ricardo (hoje no Botafogo) estava disponível e não se sabe ao certo se foi feita alguma proposta a ele ou se foi apenas especulação da imprensa. A alternativa mais clara, barata e possivelmente eficiente seria efetivar o técnico tricolor do sub-20, Leo Percovich, que tem todas as chancelas e cursos da UEFA e faz um trabalho quase milagroso em uma equipe sub-20 muito fraca, chegando a fases finais dos torneios que disputa. Mas o fetiche tricolor por grife (ainda que falida) levou a contratação do técnico rebaixado em 2017 pelo Coritiba: Marcelo Oliveira.


Oliveira é um técnico sem convicção nenhuma, que sempre expõe demais os times que dirige e que não consegue nunca dar um padrão tático ao time. Chegou criticando o esquema com 3 zagueiros. Segundo ele, não gosta que seus times joguem assim. Ora bolas, o esquema tem que se adaptar às características dos jogadores que estão no clube e não o contrário. E, uma qualidade que o Abel teve, foi encaixar esse esquema pois tinha Gilberto e Ayrton Lucas que jogam muito bem como alas e muito mal como laterais. E assim, perdido taticamente, Oliveira conseguiu algumas vitórias até convincentes, com Pedro voando e Gilberto jogando muito bem.

Ninguém espera que, em um campeonato longo como é o brasileiro (ou qualquer outra Liga), não hajam contusões. O que não esperávamos é que ela viesse em cima de 2 dos nossos 3 melhores jogadores (Sornoza é o terceiro). Sem Gilberto e Pedro, o Fluminense teria que apostar em um conjunto forte e bem treinado taticamente. Aí a porca torceu o rabo. Mesmo com os acertos da diretoria na contratação do Everaldo e do Luciano, o time se tornou um bando em campo, pior do que era com Abel. Sem nenhuma compactação, linhas mal formadas e distantes, com volantes saindo ao mesmo tempo e expondo a linha de zagueiros e sem conseguir criar. 

Oliveira se perdeu inteiramente e ele mesmo buscou um culpado. E, em sua cabeça sem cabelos e sem ideias, encontrou Sornoza como "vilão", tanto que sacou o equatoriano do time contra o Inter e seguidamente o substitui. Mas pior do que eleger Sornoza como culpado foi a solução, o herói, escolhido por ele. Junior Dutra passou a ser seu homem de confiança (lembram que lá em cima eu falei em tiro no pé?). E por que? Porque Oliveira não tem a menor ideia de como se faz um time compacto, com jogo apoiado e com recomposição rápida. Então, como só sabe fazer o time jogar no chuveirinho ou na ligação direta, Junior Dutra é aquele poste que pode resvalar na bola após um chutão de um dos zagueiros e a bola sobrar para Luciano, por exemplo. Muito pouco para justificar uma escalação, não é mesmo?


Desde a derrota para o Vasco (pra mim desde a derrota para os reservas do Grêmio) que tá claro que Oliveira não tem mais o que tirar do grupo, não tem mais o que acrescentar ao grupo, não tem mais o que fazer no CTPA. Menos para a diretoria tricolor que entrou num estado de inércia em relação ao futebol que vai nos custar a permanência na série A e a consequente perda da verba de TV referente a primeira divisão. Estamos a 3 dias de um jogo lamentavelmente decisivo e Oliveira segue coçando a careca, sem saber o que fazer e dando entrevistas nos moldes do Eu ganho, Nós empatamos e Eles perdem.

Nesse cenário, nós já estamos rebaixados. São 12 horas sem marcar um único gol. Se o Flu jogasse sem parar, o jogo teria começado a meia-noite, já seriam quase 13h e o nosso tricolor estaria perdendo por 13x0, não teria feito nenhum gol. Os jogadores correm, se esforçam mas não há uma única jogada que a gente perceba que foi treinada, uma movimentação trabalhada. NADA. Ainda dá tempo de uma chacoalhada mas me parece que a diretoria já está conformada com o destino trágico que nos aguarda. 

Ainda assim, domingo, viajarei para empurrar o time, para buscar um milagre e para, do Maracanã, torcer para Ceará e São Paulo pois considero que nossa única chance é uma vitória do Ceará e/ou um empate do São Paulo contra a Chape. No que depender do time "treinado" pelo Oliveira, já caimos.

Um comentário:

  1. Realmente ser do Conselho Fiscal não é trampolim universal para conhecer o Clube por inteiro. Mas, sendo o candidato da situação, apoiado pelo ex-presidente Peter e sendo Presidente do Conselho Fiscal, haveria obrigação de saber mais, a menos que a situação tenha sido enganada pela situação. E que situação! Fora Abad! Quase uma década de Flusócio e só descemos a ladeira.

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