quinta-feira, 28 de setembro de 2017

As torcidas gays no futebol brasileiro

Torcidas Organizadas gays são muito mais comuns no Brasil do que se imagina


Pra início de conversa, se você é homofóbico, pare por aqui. Esse texto não é de deboche ou pra provocar "tiração de sarro" entre torcedores. Esse texto é para enaltecer as várias iniciativas de organização de torcidas gays no futebol brasileiro. Futebol é coisa de hetero, de LGBTT, de jovem, de criança, de idoso, de branco, de negro, de todos.

Há 40 anos era fundada a primeira torcida Gay do Brasil, a Coligay, do Grêmio. Em plena ditadura militar, os gaúchos ousaram enfrentar o preconceito e furar o bloqueio hetero que existe no futebol. A torcida não durou muito tempo. Chegou a ter 70 pessoas no estádio mas, ofendida e ameaçada pelos torcedores homofóbicos, acabou pouco mais de 2 anos depois.

Coligay foi a pioneira
Enquanto a Coligay acabava, a Fla-Gay era criada pelo botafoguense Clovis Bornay. Dono da maior torcida do Brasil, o Flamengo foi visto pelo carnavalesco como uma possibilidade de abrir espaço no futebol para homossexuais. Também hostilizada por homofóbicos de arquibancada, a torcida não durou muito tempo. Em meados da década de 90 foi reativada por Raimundo Pereira mas também não ficou nos estádios por muito tempo. Em 2003, houve nova tentativa de reativação mas setores de dentro do Flamengo trabalharam para que ela não existisse mais.

Na foto da líbero Fabi e do ex-zagueiro Fabio Luciano, na Gávea, a faixa da Flagay
Hoje, a FlaGay está presente no Facebook (se quiser curtir, clique AQUI) mas tem poucas pessoas que curtiram. Há ainda na torcida do Flamengo, o Flamengo Livre (AQUI) e o clube já fez campanhas em rede social contra a homofobia mostrando um avanço, ainda que pequeno, no combate a esse preconceito.

Em São Paulo a torcida gay mais conhecida é a Gaivotas da Fiel. Fundada em 2013 por Felipeh Campos (que atuou como Pablo no programa Qual é a Música, de Silvio Santos). A expectativa do Jornalista era que a torcida alcançasse 500 mil associados. Com a criação da torcida, homofóbicos começaram a ameaçar o fundador da Gaivotas que acionou a Polícia.

Símbolo das Gaivotas Fiéis que gerou processo da Gaviões da Fiel por plágio
Mas a Gaivotas da Fiel não foi a primeira torcida gay do Timão. A Corinthians Livre já existia antes de 2013. Ainda em São Paulo, outras torcidas gays se fazem presente como a Bambi Tricolor(AQUI) e a Palmeiras Livre(AQUI).

Em Minas, os 2 gigantes também têm suas torcidas organizadas gays: a Galo Queer e a Cruzeiro Maria tentam combater o mal chamado homofobia. A torcida do Galo existe fisicamente e nas redes sociais (AQUI) mas seus integrantes têm medo de irem aos estádios e sofrerem algum tipo de violência por parte dos homofóbicos de arquibancada. Em reportagem do UOL (AQUI) de 2014, Nathalia Duarte, fundadora da torcida, diz "Recebemos ameaças sérias. Se alguém ficar sabendo onde estamos, pode ir querer fazer alguma coisa com a gente". 

No Sul, além da pioneira Coligay, temos a QuerrLorado, torcida organziada gay do arqui-rival Internacional (AQUI). Com mais de 3mil curtidas, A torcida acompanha o futebol masculino e feminino do Inter e as notícias que mostram os ainda pequenos passos em busca do rompimento dos preconceitos no futebol e em outros esportes.

O Nordeste também não está de fora da luta contra a homofobia nos estádios, nos campos e nos clubes de futebol. Em Pernambuco temos Timbu Queer e em Salvador a Vitória Livre e a EC Bahia Livre (AQUI) representando a comunidade LGBTT nos dois gigantes do Estado.

Todas essas torcidas foram vítimas de alguma forma da intolerância que impera na nossa sociedade medieval e no futebol pré-medieval. Todas elas merecem o apoio de TODOS os que lutam contra a homofobia em todos os setores da sociedade. e merecem proteção das autoridades que parecem pouco interessadas em ajudar o combate a violência homofóbica, machista, misógina, racista, xenófoba. 

Torcida gay do Arsenal no Emirates
Os clubes deveriam ajudar nesse combate, promover suas torcidas LGBTT. Mas são dominados também pela homofobia reinante no futebol. Poderiam mirar na atuação do Arsenal junto a Gay Gooners que frequenta o Emirates sem ser (muito) incomodada (AQUI). Passou da hora das pessoas pararem de fiscalizar as genitais alheias, cuidarem de suas vidas e torcerem para os seus clubes. Sem preconceito, sem ódio, sem violência. 

Se alguma torcida organizada gay de clubes brasileiros não foi mencionada no texto, coloque nos comentários ou envie um email para frangosegolacos@gmail.com. Teremos o prazer de divulgar a luta dessas torcidas também.

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