quarta-feira, 9 de julho de 2014

Os Menos Culpados São Os Jogadores

O Mineirazo expôs as mazelas do futebol brasileiro. Todas elas ficaram escancaradas para quem quiser ver. O futebol brasileiro foi humilhado, o torcedor foi humilhado e o sonho do hexa que a maioria dos brasileiros tinha se foi.

Após o vexame do 7x1 inúmeros torcedores passaram a culpar jogador A ou B nas redes sociais pois pra esses o futebol se resolve só dentro de campo. Preparação, concentração e foco nos objetivos, organização não significa muita coisa para a maioria dos torcedores.



A análise mais fria que se pode fazer não é a do jogo em si pois há pouco a acrescentar ao que se viu na tarde-noite de 8 de julho, no Mineirão. É preciso que se pense no que fez chegar a isso. A tragédia começa quando o país não tem um calendário adequado ao futebol mundial, começando em agosto e terminando em maio, sem os tenebrosos estaduais. Isso fortalece os clubes (grande e pequenos), o que fortalece a formação de jogadores.

A tragédia continua quando os que dirigem o futebol do país só pensam em negócios e permitem um verdadeiro parque temático na Granja Comary. Foi um tal de Luciano Huck descendo de helicóptero na concentração, filha do William Bonner dentro da concentração tirando foto com jogador, exclusivas apenas para a Globo, treinos sempre abertos para serem transmitidos ao vivo, uma bagunça, uma mini-Weggis (concentração da seleção brasileira em 2006).



Pra finalizar, os mesmos mandatários do futebol brasileiro apostaram em um técnico desatualizado e um coordenador técnico mais desatualizado ainda e, pior, aposentado do futebol. Com o discurso de que traziam os 2 últimos técnicos campeões mundiais pela seleção brasileira, levaram a seleção para o passado. De 2002 para cá o futebol mudou imensamente, evoluiu taticamente, e Felipão continua acreditando em família Felipão, em motivação e em time pegador.

A seleção brasileira foi uma das que mais falta fez. Cometeu 96 falta em 5 jogos enquanto a Alemanha, fez 57 no mesmo número de jogos. A seleção brasileira não tem uma única variação tática, sempre sem passar pelo meio-campo, ligação direta da defesa com o ataque e os volantes, valentes, batendo, batendo ...



O mais grave é que não há perspectiva de mudança. Não há perspectiva de termos uma Liga profissional, administrada de maneira competente, negociando melhor as cotas de TV, buscando patrocinadores para que haja uma premiação decente aos clubes, ao campeão, com fortalecimento das Séries B, C e D (essa regionalizada e permitindo que os pequenos atuem por pelo menos 7 meses e não apenas 3 como é hoje).

Não há perspectiva que a seleção brasileira deixe de ser meramente um produto gerador de lucro da CBF, com amistosos marcados sem nenhum interesse técnico, apenas os comerciais.

Os 7x1 de ontem podem ser apenas o começo de novos vexames.

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