O torcedor é passional, sempre foi. A razão sempre passou longe do torcedor de arquibancada, de sofá e, agora, de rede social. É seu time no céu, na terra e os adversários no inferno. Não importa o que acontece em campo, no jogo. O juiz sempre rouba e narradores e comentaristas sempre torcem contra. Há sempre uma conspiração inter-galática destinada a tirar as chances de titulo do time para dar a outro, escolhido de acordo com a posição dos adversários na tabela.
O torcedor não aceita crítica, a menos que o time esteja lá embaixo na tabela. Se estiver lá em cima, a maioria acha normal perder pro lanterna, por exemplo, e começa a rotular quem critica uma derrota desse tipo ou a má atuação da equipe. Corneteiro, falso-torcedor, oportunista, torce contra, etc são alguns dos "elogios" proferidos até por torcedor de grande nível cultural. É como se o time do torcedor fosse uma espécie de divindade, um Jesus ou um Maomé.
Guardadas as devidas proporções, a reação do torcedor às críticas ao seu time assemelha-se à reação ao filme sobre o Islã. No Oriente, essa reação provocou mortes, inclusive de embaixador estadunidense. Entre os torcedores, criação de inimizades, ameaças e xingamentos. Na internet parece uma torcida organizada disposta a espancar quem pensa diferente e//ou torce pra outro time.
Por fim, o torcedor é aquele que, embora todas as evidências digam o contrário, afirmam o título futuro de sua equipe. É aquele que, quando a certeza é posta em dúvida, começa a usar frases de auto-ajuda e a repetir mantras como se isso resolvesse alguma coisa.
O torcedor é um apaixonado e, como tal, muitas vezes e cada vez mais deixa escondida a razão. Ele é peça fundamental no espetáculo do futebol. Mas que precisa aprender que nem só de sua verdade é composto o mundo e o futebol.
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