sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

28 passageiros

Hoje abro espaço parao texto do Alexandre Bittencourt, passageiro do ônibus tricolor no corredor tricolor, na última quarta-feira..

Fala, Xará:



28 passageiros




Rafael, Mariano, Gum, Dalton, Ruy, Diguinho, Conca, Alan, Diogo, Fred, Raphael Augusto, João Paulo, Ricardo Berna, Maurício, Adeílson, Cássio, Carlos Eduardo, Marquinho, Cuca, Ricardo Tenório, Celso Barros, Celsinho Barros, Alcides Antunes, Rodrigo Henriques, Julio Bransford, Márcio Peixe, Silvio Bastos e eu. Vinte e oito testemunhas de um dos capítulos antológicos da história do futebol. Nós estávamos dentro daquele ônibus da viação Útil que levou a delegação tricolor do Hotel Intercontinental, em São Conrado, até o Maracanã para a disputa da final da Copa Sul-Americana. Vinte e oito pessoas que passarão aos filhos e netos o que aconteceu naquela noite quente de 2 de dezembro de 2009.



Vinte e oito privilegiados que viram nascer do rosto apaixonado de cada um que se aproximava do ônibus o novo perfil da torcida tricolor. Mais visceral e mais companheira do time. Ficamos incrédulos ao ver a massa batendo na lataria do veículo, entoando cânticos e, literalmente, carregando os jogadores no colo, como acontecera no Aeroporto Internacional Tom Jobim, quando da chegada da delegação de Quito, uma semana antes.



O zagueiro Cássio sacou o celular e começou a filmar a catarse tricolor de dentro do ônibus. Imediatamente, Rafael, Gum, Ruy e Fred foram para as janelas e começaram a bater no vidro temperado e "filmado", acompanhando as batidas que vinham de fora. Como se fosse uma resposta ao delírio que se instalou em frente à Estátua do Bellini. Logo, todos os jogadores estavam entoando as músicas, enquanto a emoção tomava conta de todos os passageiros. "Nunca vi uma manifestação como esta", extasiava-se o técnico Cuca com um brilho especial no azul dos seus olhos.



Naquele momento, agradeci a Deus por poder estar "dentro do ônibus" e vivenciar aquele turbilhão de emoções que ficará guardado pra sempre na história do Fluminense. Se o time tivesse conseguido os gols necessários contra a LDU para sair de campo com o título, ainda sim, não seria mais emocionante do que o corredor feito pela torcida tricolor nos arredores do Maracanã. Se os torcedores hoje têm orgulho dos guerreiros em campo, podem ter certeza de que nós temos ainda mais orgulho de vocês.



Quando chegamos ao Maracanã, outra grande surpresa. O auxiliar-técnico Eudes Pedro imprimiu 300 das mais de seis mil mensagens enviadas pelos torcedores através do site oficial do clube. Estas foram coladas nas paredes da sala de aquecimento do estádio para que os jogadores pudessem ler antes de entrar no vestiário. Depois das cusparadas em Piúra, da chuva de moedas e copos de urina em Santiago, das pedradas em Assunção e da arapuca armada em Quito, os jogadores ganharam, enfim, seu bálsamo.



Alexandre Bittencourt

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